O psicólogo brasileiro Içami Tiba escreveu vários livros com conselhos para orientar pais e educadores de crianças e adolescentes.
Em Pais e Educadores de Alta Performance (Editora Integrare, 2012), o autor frisa a importância de equilibrar amor com imposição de limites, preparando as novas gerações para serem resilientes e responsáveis pelos próprios atos. Nesse sentido, distingue entre o amor dadivoso, que aceita qualquer comportamento, e o amor que ensina e que exige as consequências (boas ou ruins) pelos atos dos filhos ou estudantes, valorizando o mérito individual.
Para Tiba, as boas ações e o hábito do estudo devem ser cultivados dia após dia. É preciso criar ambientes em que o respeito e o estudo sejam comuns, e, para tanto, fazer com que crianças e adolescentes sintam prazer nessas práticas.
Para professores, Tiba propõe um roteiro aplicável a qualquer disciplina. O autor recomenda que cada aula comece com uma recapitulação sobre a aula anterior, com gatilhos em forma de perguntas (“Alguém se lembra qual foi o assunto tratado na última aula?”), para acender as mentes da turma. Durante toda a aula, bons resultados devem ser recompensados, começando com os que se lembrarem corretamente do tema da aula anterior. A principal (e única) recompensa que professores podem dar à vontade são pontos na média.
Como a maioria das crianças e adolescentes — ainda mais no mundo moderno — sentem dificuldade em se concentrar por mais do que alguns minutos em um assunto, Tiba sugere que as aulas sejam estruturadas em pequenos blocos, intercaladas por mental breaks. O professor pode planejar os blocos de modo a criar uma sequência lógica e dinâmica, dando lugar à participação dos estudantes.
Para finalizar, podem ser úteis debates sobre o que foi estudado no dia. Nesses debates, um estudante é convidado a explicar o que aprendeu, após o que a turma se manifesta sobre se concorda (mão levantada) ou não. O professor pode aproveitar também para fazer uma divulgação sobre a próxima aula, incentivando os estudantes a participarem.
Aos alunos fracos, cabe ao professor encontrar uma saída honrosa, para que eles não se comparem com os alunos com as melhores notas e se sintam excluídos. Uma alternativa é desenvolver atividades paralelas com esses estudantes, de acordo com a capacidade e os interesses de cada um. Explorar os interesses pessoais dos alunos é uma excelente maneira de tornar as aulas mais interessantes, mas, para isso, o professor deve estar aberto a conhecer outros universos.
Posto isso, Tiba ainda alerta que o estudo de forma alguma deve se resumir à escola, mas pais e responsáveis devem acompanhar o progresso de suas crianças e adolescentes e estimular o estudo diário em casa.
Em Educar Para Formar Vencedores (Editora Integrare, 2011), Tiba insiste na importância de pais e responsáveis responsabilizarem os filhos por suas ações. Boa parte do livro fala sobre filhos únicos, o que se justifica pelo fato de estes serem, muitas vezes, “mimados” e protegidos mais do que o saudável. Além disso, todo filho é único até a chegada (se houver) do próximo.
Tiba adverte que as consequências do mimo e da superproteção podem chegar à idade adulta, resultando em pessoas sem resiliência e que se vitimizam, em vez de aprender, quando são corrigidas. Para evitar isso é que o autor orienta a cobrar de crianças e adolescentes comprometimento com as obrigações e com os estudos.
Uma forma de acompanhar o progresso dos filhos para além do boletim escolar é exigindo a entrega de pequenos resumos diários sobre o que eles estudaram e aprenderam em cada matéria. Essa é uma excelente forma de pais e responsáveis colaborarem com professores e aprenderem junto. ∎