A Antiguidade Oriental se refere às primeiras civilizações humanas, que se desenvolveram onde hoje ficam os países do Iraque, Irã, Turquia, Síria, Líbano, Israel e Egito. Esse período da história inclui o estabelecimento das primeiras cidades e a invenção da escrita. Os sumérios, acádios, amoritas (também chamados de antigos babilônios), assírios e caldeus (ou novos babilônios) ocuparam a Mesopotâmia. Já os hebreus e fenícios viviam a oeste da Mesopotâmia, os persas a leste e os egípcios na África.
As primeiras civilizações se desenvolveram numa área de terras produtivas chamada Crescente Fértil; mais especificamente, na Mesopotâmia (que significa “terra entre rios”), região compreendida entre os rios Tigre e Eufrates. Foi ali onde surgiu a primeira forma de escrita para ser utilizada na contabilidade e para escrever leis. A Mesopotâmia também foi o berço do Estado, organizado para coordenar grandes construções de interesse comum, como diques para armazenar as águas das cheias dos rios, barreiras para evitar inundações, canais de irrigação para ampliar a área útil de cultivo e templos para a prática da religião.
As sociedades do local eram caracterizadas por uma rígida hierarquização. O rei, chamado de lugal ou patesi, e sua família (a nobreza) eram chefes militares, além de terem poder religioso e administrativo. Já os sacerdotes eram responsáveis pelo culto aos deuses. As divindades eram representadas como figuras humanas, masculinas ou femininas, possuidoras de sentimentos humanos, tanto positivos quanto negativos, mas eram consideradas imortais e com grande poder sobre o homem e a natureza. A religião politeísta era praticada em templos chamados zigurates — pirâmides com vários andares onde se acreditava que a Terra se comunicava com o Céu. Esses prédios também eram aproveitados pelos sacerdotes como observatórios astronômicos, pois se acreditava que os corpos celestes e seus movimentos influenciavam a vida dos seres humanos. Isso resultou em descobertas astronômicas misturadas com astrologia e também motivou diversas descobertas matemáticas: a aritmética, a divisão do círculo em 360 graus, a semana de sete dias, a divisão do ano em doze meses e do dia em dois períodos de doze horas foram contribuições da antiga Mesopotâmia.
Na Mesopotâmia, a religião governava a vida, mas os mesopotâmicos também acreditavam na vida após a morte. Para eles, os mortos passavam o resto de sua existência na escuridão do mundo subterrâneo. Devido a essa crença, foram inventados rituais funerários, em que o corpo do falecido era depositado em um local próprio, em função de sua condição financeira, e alguns pertences eram depositados junto, para serem utilizados no outro mundo. Além disso, as crenças religiosas fundamentavam o sistema político na Mesopotâmia. As cidades eram teocráticas, as crenças religiosas legitimavam a forma de governo e a ordem social vigentes. Consequentemente, os sacerdotes constituíam uma classe privilegiada, eram poderosos e possuíam muitas riquezas.
Outros componentes das sociedades da Mesopotâmia eram escribas — que detinham o conhecimento da escrita e também eram professores —, outros funcionários do governo, comerciantes e artesãos (estes produziam utensílios de cerâmica, ferramentas, armamentos, joias e outros produtos manufaturados). A grande maioria da população era de camponeses, que pagavam pesados impostos cedendo a maior parte de tudo o que colhiam, trabalhavam em obras públicas e como soldados sempre que convocados. Finalmente, os escravos eram prisioneiros de guerra ou vendidos em troca do perdão de dívidas.
A agricultura dedicava-se principalmente ao cultivo de cereais e era a principal atividade econômica na Mesopotâmia. Também era praticada a pecuária: criavam-se ovelhas, cabras, porcos e aves para abate. Bovinos forneciam proteína e eram empregados como tração animal.
A primeira civilização da Mesopotâmia foi a Suméria. Os sumérios construíram cidades muradas independentes, com governos e leis próprias, e por isso essas unidades são chamadas de cidades-estado. Uma das primeiras foi Uruk, onde surgiu a escrita cuneiforme, feita com cunhas com as quais se faziam marcações em tábuas de argila. As primeiras obras de literatura produzidas pela humanidade foram redigidas em cuneiforme: o Mito da Criação e a Epopeia de Gilgamesh. A primeira descreve a criação do mundo e dos homens pelo deus Enki para adorar e servir os deuses. Já a Epopeia de Gilgamesh é um poema que relata as aventuras do gigante de mesmo nome, rei de Uruk, e toca em temas caros aos seres humanos de todas as épocas, como o sofrimento e a morte. Inspirado nas violentas cheias do Tigre e do Eufrates e nas consequentes inundações devastadoras, um trecho da obra narra um evento semelhante ao relato bíblico do dilúvio, o que alguns acreditam que pode ter influenciado os autores do Gênesis.
Os sumérios também elaboraram um sofisticado sistema jurídico e administrativo, ergueram zigurates, inventaram a roda, construíram veículos e fizeram descobertas científicas. Posteriormente, tribos semitas (anteriormente nômades) se instalaram próximas à Suméria. A principal delas era a Acádia, cujo rei Sargão I dominou e unificou as cidades sumérias, fundando o primeiro império da Mesopotâmia, o Império Acádio. Em sua época, Sargão foi chamado de o “soberano dos quatro cantos da terra”. A filha de Sargão, Enheduana, foi uma sacerdotisa famosa, e os hinos que ela compôs para Inana (como a deusa da fertilidade era chamada na época) foram reunidos na obra Exaltações de Inana.

O Império Acádio foi conquistado por outro povo semita, os amoritas, que fundaram o Primeiro Império Babilônico. O governante mais notável desse período foi Hamurábi, que elevou Marduk à condição de divindade suprema da religião politeísta mesopotâmica, e também criou o Código de Hamurábi, o mais completo da Antiguidade, contendo leis sobre a instituição familiar, incluindo questões relacionadas a heranças, sobre a economia, estabelecendo salários, preços e regras para o comércio, e também leis que institucionalizavam a desigualdade social, considerada como um reflexo da desigualdade existente entre os deuses. Para quem desobedecesse a lei, o Código de Hamurábi impunha severas punições, sendo um exemplo do que se chama, no Direito, de Lei de Talião, em que as penas são análogas aos crimes cometidos, princípio este resumido na frase “olho por olho, dente por dente”.
Após Hamurabi, o Primeiro Império Babilônico entrou em declínio, e invasões abriram caminho para o estabelecimento do Império Assírio. Os assírios, oriundos do norte da Mesopotâmia, contavam com o exército mais organizado da época, com tropas de arqueiros e lanceiros e carros de combate puxados por cavalos. Todo esse aparato possibilitou a tomada de territórios além da Mesopotâmia. Embora o rei Senaqueribe tenha sido derrotado na Palestina — episódio narrado no livro de Reis da Bíblia, o qual diz que um anjo de Deus ceifou milhares de soldados assírios antes que estes entrassem em Jerusalém —, seu filho, Assaradão, conquistou o Egito, o que foi reforçado por seu filho, Assurbanipal. Este rei também construiu a Biblioteca de Nínive, na qual foram depositadas milhares de tábuas de argila com textos em escrita cuneiforme. Foi uma das mais antigas tentativas de sistematizar todo o conhecimento humano, milênios antes das enciclopédias. Hoje essas peças se encontram em poder do Museu Britânico. Os povos derrotados pelos assírios eram tratados com extrema crueldade e sofriam torturas horríveis. Após adquirir má fama, esse império foi derrubado pelos semitas caldeus.

O rei caldeu Nabopolassar iniciou o Segundo Império Babilônico após ter tomado as terras dos assírios com a ajuda dos medos, um povo que vivia na Média, a leste da Mesopotâmia. O apogeu do império foi alcançado com Nabucodonosor II, filho de Nabopolassar que se casou com a princesa Amitis da Média em um casamento arranjado para manter a amizade entre caldeus e medos. Foi para a esposa que Nabucodonosor II dedicou os famosos Jardins Suspensos da Babilônia, considerados uma das Sete Maravilhas do mundo antigo. Também foi ele que concluiu a construção do zigurate Etemenanki, chamdo na Bíblia de Torre de Babel, para o deus Marduk e mandou erguer a Porta de Ishtar, nomeado em homenagem à deusa da fertilidade, para ser a principal entrada para a cidade da Babilônia. Outra realização de Nabucodonosor II foi capturar o povo hebreu.



Os hebreus, de origem semita, já tinham habitado a Mesopotâmia, mas na época da captura por Nabucodonosor, viviam na Palestina, onde pastoreavam e aproveitavam o Rio Jordão, utilizando técnicas de irrigação, para desenvolver a agricultura. Uma das principais fontes de informação sobre esse povo é a Torá, o livro sagrado dos hebreus, que corresponde ao Pentateuco, os cinco primeiros livros da Bíblia (Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio). De acordo com o Gênesis, o patriarca Abraão, atendendo a um chamado divino, guiou o povo para a terra prometida de Canaã, na Palestina, onde os hebreus construíram as bases do judaísmo, religião monoteísta da qual derivaram o cristianismo e o islamismo. O judaísmo baseia-se na crença em um único Deus, chamado Javé ou Jeová. A história dos hebreus é dividida em três períodos: o Governo dos Patriarcas, o Governo dos Juízes e o Governo dos Reis.
Durante o Governo dos Patriarcas, a sociedade hebraica se organizava em clãs patriarcais que viviam à base da agricultura e da criação de rebanhos. Os patriarcas eram sacerdotes, juízes e chefes militares. O primeiro deles foi o próprio Abraão. Nessa sociedade, os meninos eram educados para serem os próximos líderes, enquanto as meninas eram preparadas para o casamento. Depois de casadas, tornavam-se propriedades de seus maridos. O concubinato e a escravização eram práticas aceitas. A lei religiosa garantia que os escravos pudessem ter bens e se casar.
De acordo com a Bíblia, quando uma grande seca assolou a Palestina, os hebreus foram obrigados a migrar para o Egito que, na época, era controlado pelos invasores hicsos. No início, os hebreus foram valorizados e até receberam importantes cargos públicos. Porém, quando os hicsos foram expulsos, os egípcios começaram a maltratar e escravizar os hebreus. O livro do Êxodo diz que Deus usou Moisés para pedir ao faraó que soltasse o povo, mas, como o pedido não surtiu efeito, foram mandadas dez pragas sobre os egípcios. A última delas, a morte dos primogênitos, fez com que os hebreus fossem liberados. Arrependidos, o faraó e seu séquito foram atrás dos recém-libertos. Deus abriu o Mar Vermelho para que seu povo passasse em segurança e, quando os egípcios chegaram, o mar foi fechado, afogando-os. A liberação da escravidão no Egito é lembrada até hoje na Páscoa judaica. Em seguida, durante a volta para casa, Moisés supostamente recebeu as tábuas da lei do próprio Deus, onde estavam escritos os Dez Mandamentos, que passaram a reger a vida dos hebreus. Quando eles chegaram de volta à Canaã, o território estava ocupado por outros povos, e tiveram de lutar para reconquistar. Foi Josué quem os conduziu à vitória, após a importante Batalha de Jericó, na qual os habitantes da cidade foram massacrados.
Após a retomada, os hebreus dividiram o território em doze tribos governadas pelos juízes, líderes políticos e militares escolhidos pelo povo. Um dos mais famosos é Sansão, que, segundo a Bíblia, possuía uma força descomunal vinda de seus cabelos compridos. Entretanto, as ameaças representadas por inimigos, especialmente os filisteus e cananeus, fez com que as tribos fossem unificadas. Implementou-se a monarquia — o Governo dos Reis. O primeiro rei foi Saul. Considerado um monarca arrogante, Saul perdeu seu filho e se suicidou. Quem o sucedeu foi Davi. Este rei organizou o Estado e conquistou Jerusalém, que estabeleceu como a capital do reino. Tanto Davi como seu filho Salomão foram ajudados financeiramente pelo rei Hirão I da cidade fenícia de Tiro.
Os fenícios possuíam muitas riquezas. Eles viviam a leste do Mar Mediterrâneo, entre o mar e as montanhas do Líbano. Esses hábeis artesãos utilizavam metais, madeira de uma árvore chamada cedro-do-Líbano e marfim, extraído das presas de certos animais, para confeccionar móveis, ferramentas, armas e jóias. Também fabricavam objetos de vidro. Mas o principal artigo de luxo que produziam eram os tecidos de cor púrpura, cujo pigmento era retirado do múrice, um molusco encontrado nas praias das cidades fenícias. Os egípcios, cretenses e gregos estavam entre os principais clientes.

Com os barcos que construíram, os fenícios tornaram-se a maior potência naval da época, mesmo não tendo instrumentos de navegação — eles se orientavam pela natureza, olhando para as estrelas, por exemplo. Os fenícios navegaram pela Península Ibérica e pela costa africana e fundaram colônias ao longo do Mediterrâneo (a principal delas, Cartago, no norte da África) que serviam como entrepostos comerciais. A organização do comércio levou à criação do alfabeto fenício, que não tinha vogais. Mais tarde, os gregos aproveitaram esse alfabeto e incluíram vogais, e os romanos fizeram o alfabeto latino a partir do grego.
A Fenícia não era unificada, mas era formada por cidades independentes que compartilhavam língua, cultura e divindades. Entre as principais cidades, é possível citar Tiro, Sídon, Biblos e Ugarit, dotadas de magníficos portos naturais. O governo de cada cidade era uma monarquia hereditária ou uma república e tinha caráter plutocrático, ou seja, na prática era controlado pelos cidadãos mais ricos, principalmente comerciantes e armadores (construtores de navios). A Fenícia se desenvolveu até o séc. VIII a.C., depois do que foi anexada por assírios, babilônios, persas e macedônios.
Depois de Hirão I de Tiro apoiar Davi, ele ainda manteve boas relações comerciais com a Palestina de Salomão, filho de Davi e próximo rei dos hebreus, com quem o reino atingiu o apogeu. Salomão cedeu terras a Hirão em troca de bens. As riquezas assim obtidas foram utilizadas para construir palácios e templos, incluindo o glorioso Templo de Jerusalém. Após a morte desse soberano, houve uma crise sucessória seguida pela divisão do reino. As tribos do norte formaram o Reino de Israel (cujo povo é chamado de israelita ou samaritano), e as do sul formaram o reino de Judá (do povo judeu). Essa divisão é chamada de Cisma.

O Reino de Israel enfraquecido foi conquistado pelos assírios e sua identidade hebraica foi dissolvida. Posteriormente, Nabucodosor II (soberano do Segundo Império Babilônico) conquistou o Reino de Judá, destruiu o Templo de Jerusalém e levou o povo à força para a Babilônia. Alguns estudiosos acreditam que foi lá que alguns judeus, entrando em contato com as crenças locais, introduziram o misticismo em sua religião. Outros apontam que as origens são mais remotas, tendo lugar no Egito. De qualquer maneira, a Cabala (a mística judaica, equivalente ao gnosticismo cristão e ao sufismo islâmico) compreende um conjunto de práticas e doutrinas esotéricas que visam desvendar os signos divinos presentes no mundo e nos escritos sagrados. Durante muito tempo ela foi transmitida oralmente, até que alguns pequenos textos sobre o assunto escritos a partir do século I ou II d.C. foram reunidos na obra Heichalot. Na Idade Média, em meio à forte perseguição de crenças diferentes daquelas defendidas pela Igreja Católica, foram escritos, em linguagem difícil, diversos tratados cabalísticos, entre os quais os principais são o Sefer Bahir, o Sefer Yetzirah e o Zohar (tradicionalmente essas obras são consideradas muito mais antigas).
O cativeiro na Babilônia durou até que os persas, governados pelo rei Ciro, derrotaram os babilônios e permitiram o retorno dos judeus para a Palestina. Lá, eles ficaram sujeitos aos persas até a conquista de Alexandre, o Grande; em seguida, a Palestina foi dominada pelos romanos. Nessa época, o Templo de Jerusalém terminou de ser reconstruído por Herodes, rei da Judeia, como uma tentativa de ganhar a confiança dos judeus. O Muro das Lamentações, ainda de pé, é o que sobrou desse segundo templo. Durante o domínio romano, os judeus se rebelaram, mas foram duramente reprimidos, sendo derrotados em 70 d.C. Eles então se dispersaram pelas províncias romanas (processo conhecido como Diáspora Judaica) e, a partir de então, viveram espalhados pelo mundo, sem um território próprio, mas preservaram sua unidade cultural, incluindo a língua, a religião e os costumes. Em 1948, após o terror nazista, a ONU criou o Estado de Israel, permitindo o regresso dos judeus ao seu antigo lar. Porém, a fundação de Israel provocou conflitos com os árabes palestinos que ocupavam a região. A briga entre os dois povos semitas remanescentes, judeus e árabes, perdura até os dias de hoje.

Saídos da região a leste da Mesopotâmia, no sul do atual Irã, os persas, libertadores dos hebreus, inicialmente eram uma comunidade de pastores e agricultores submetidos aos medos (estes viviam no norte do Irã). O rei Ciro II derrotou o rei dos medos, seu próprio avô, Astíages, e unificou medos e persas, formando o Império Persa (ou Aquemênida) e iniciando um processo de expansão territorial. Evitando criar inimizades, Ciro era benevolente com os povos conquistados e atribuía funções administrativas às elites nativas. Ele derrotou os babilônios e foi até onde hoje é a Turquia, controlando as colônias gregas que ali existiam (o que levou, mais tarde, às Guerras Médicas). O sucessor de Ciro, Cambises, conquistou o Egito. O próximo rei, Dario, levou o império ao apogeu, governando um território que ia desde o Egito, a oeste, até a Índia, a leste. Durante o seu governo, para facilitar a administração de um território tão amplo, foi feita uma divisão em províncias chamadas satrapias, cada uma dirigida pelo respectivo sátrapa, escolhido por Dario entre a nobreza local. Os sátrapas eram autoridades civis, mas não tinham poder militar, pois as forças militares de cada província eram comandadas por um homem de confiança do rei. Dario I também enviava regularmente às províncias inspetores acompanhados por uma poderosa guarda, a fim de investigar a conduta do governo e evitar traições. Esses inspetores foram apelidados de “os olhos e ouvidos do rei persa”.

Para facilitar o comércio, Dario estabeleceu uma moeda, chamada dárico, e construiu estradas de pedra e um sofisticado sistema de correios, em que um mensageiro recebia a encomenda e, montado em um cavalo, percorria uma certa distância até atingir um posto onde se encontrava outro mensageiro e um cavalo descansado, que recebiam a mensagem e imediatamente partiam, percorrendo uma distância até o próximo posto, e assim por diante, até atingir o destino.
Dario e o seu sucessor, Xerxes, falharam na invasão da Grécia, e foram derrotados nas Guerras Médicas. Mas o Império Aquemênida continuou de pé. Durante o reinado de Artaxerxes II, o sátrapa Mausolo da Cária (na atual Turquia) mandou erguer uma tumba, conhecida como Mausoléu de Halicarnasso, que foi uma das Sete Maravilhas do mundo antigo, hoje já destruída. Em 333 a.C., finalmente os persas foram dominados por Alexandre, o Grande. Com a morte de Alexandre e a divisão de seu império entre seus principais generais (os chamados diádocos), o antigo Império Aquemênida coube a Seleuco, o fundador do Império Selêucida. Os próximos impérios persas pré-islâmicos foram o Parta, fundado por uma tribo nômade de mesmo nome, com hábeis cavaleiros e arqueiros capazes de atirar enquanto cavalgavam (o chamado disparo parta), que derrubou os aquemênidas e inaugurou a própria dinastia; e o Sassânida, após uma revolta liderada por Artaxes I contra os partas. Os partas e sassânidas chegaram a competir com o Império Romano.

A religião persa era o zoroastrismo (ou masdeísmo), revelada ao profeta Zoroastro (ou Zaratustra). Era politeísta e maniqueísta — acreditava em dois deuses principais: Ahura Mazda, que representa o Bem, e Arimã, que representa o Mal. O zoroastrismo tinha uma visão sobre como seria o “fim dos tempos”, o término do mundo tal como o conhecemos, quando o Bem triunfaria sobre o Mal, os mortos seriam julgados, os justos seriam recompensados com vida eterna e os maus seriam punidos com o fogo do inferno. Esses ensinamentos encontram-se no livro sagrado do zoroastrismo, chamado Zend Avesta. Os sacerdotes zoroastristas eram chamados de magos, e tinham a responsabilidade de manter acesa a chama sagrada para a qual eles faziam orações e sacrifícios.
A Mesopotâmia atraiu uma grande variedade de povos devido aos seus recursos hídricos. Atualmente, previsões de estudiosos apontam para futuros novos conflitos motivados por disputas pela água doce na natureza, intensificadas pelo esgotamento causado pelo mau uso desse recurso vital. Se a situação não for revertida a tempo, a violência das antigas cidades-estado mesopotâmicas promete se repetir. ■
Exercícios
(Ufscar-SP) Entre as transformações havidas na passagem da pré-história para o período propriamente histórico, destaca-se a formação de cidades em regiões de:
a) solo fértil, atingindo periodicamente pelas cheias dos rios, permitindo grande produção de alimentos e crescimento populacional.
b) difícil acesso, cuja disposição do relevo levantava barreiras naturais às invasões de povos que viviam do saque de riquezas.
c) entroncamento de rotas comerciais oriundas de países e continentes distintos, local de confluência de produtos exóticos.
d) riquezas minerais e abundância de madeira, condições necessárias para a edificação dos primeiros núcleos urbanos.
e) terra firme, distanciada de rios e cursos d’água, com grau de salubridade compatível com a concentração populacional.
Resposta: alternativa a). Na passagem da Pré-história para o período histórico, vários grupos humanos aprenderam a cultivar alimentos para não depender da coleta de recursos locais, que se esgotavam e os obrigavam a migrar (condição conhecida como nomadismo). Os humanos que formaram as primeiras cidades se estabeleceram em áreas férteis, nas margens de grandes rios, para desenvolver a agricultura, produzir alimentos e se sedentarizarem.
(UFC-CE) Leia com atenção as afirmativas a seguir sobre as condições sociais, políticas e econômicas da Mesopotâmia:
I. As condições ecológicas explicam por que a agricultura de irrigação era praticada através de uma organização individualista.
II. Na economia da Baixa Mesopotâmia, a fome e as crises de subsistência eram frequentes, causadas pela irregularidade das cheias e também pelas guerras
III. Na Suméria, os templos e os zigurates foram construídos graças à riqueza que os sacerdotes administravam à custa do trabalho de grande parte da população
IV. A presença dos rios Tigres e Eufrates possibilitou o desenvolvimento da agricultura e da pecuária e também a formação do primeiro reino unificado da história
Sobre as afirmativas, é correto afirmar:
a) I e II são verdadeiras
b) III e IV são verdadeiras
c) I e IV são verdadeiras
d) I e III são verdadeiras
e) II e III são verdadeiras
Resposta: alternativa e). A I é falsa, pois a agricultura dependia de uma organização coletiva. A II e a III são verdadeiras. A IV é falsa, pois o primeiro reino unificado surgiu no Egito, não na Mesopotâmia.
(UFSM-RS) […] E a situação sempre mais ou menos / Sempre uns com mais e outros com menos / A cidade não para, a cidade só cresce / O de cima sobe e o de baixo desce / […]. Este trecho da música do pernambucano Chico Science (1966-1997) e do grupo Nação Zumbi nos remete à vida em cidades, processo que passou a ser significativo na história, a partir do 4º milênio a.C., na Mesopotâmia. Sobre esse processo, é correto afirmar que
a) Com o surgimento e crescimento das cidades, houve um progressivo aumento da especialização do trabalho e da igualdade social, enfraquecendo o poder político.
b) A diminuição da produção agrícola assegurou excedentes para a manutenção de especialistas, desenvolvendo a urbanização em cidades-Estado socialmente desiguais.
c) Apesar da urbanização e das novas tecnologias de irrigação, mantém-se um Estado de caráter exclusivamente político e que não intervém na economia, conservando a ordem social hierarquizada.
d) A sedentarização do homem, o desenvolvimento de cidades, a especialização do trabalho e uma sociedade socialmente desigual levaram à constituição de polos de poder como o Templo e o Palácio.
e) Mesmo se legitimando através de conquistas militares ou como mediadores entre o mundo terreno e o mundo divino, os soberanos separaram a esfera política da religiosa no intuito de conservar uma sociedade desigual.
Resposta: alternativa d). Na antiga Mesopotâmia, o homem aproveitou os rios Tigre e Eufrates para desenvolver a agricultura e se sedentarizar. Teve início a produção de excedentes e, para protegê-los, surgiram cidades muradas. Como nem todos os habitantes das cidades precisavam trabalhar no cultivo, surgiram trabalhos especializados. Para administrar a cidade, coordenar a construção de obras públicas e organizar a defesa, surgiu o Estado. Os governantes e sacerdotes eram os mais privilegiados da sociedade e cobravam impostos e trabalhos forçados, os quais eram utilizados, por exemplo, para erguer templos e palácios, que podem ser considerados como demonstrações do poder despótico desses líderes.
(UECE) Os sumérios foram os primeiros habitantes da Mesopotâmia. Eles se autodenominavam “as cabeças negras” e a região na qual habitavam denominavam de “terra de Sumer”. Sobre este povo, assinale o correto.
a) Eram nômades, voltados para a guerra e a conquista de novos territórios. Ao contrário de outros povos, repudiavam o comércio, não possuíam uma cultura definida ou uma religião organizada, com um panteão e seus ritos.
b) Oriundos de diversos grupos étnicos, vindos do deserto da Síria, começaram a penetrar aos poucos nos territórios da região mesopotâmica em busca de terras agricultáveis. Eram conhecidos pela sua habilidade no comércio.
c) Eram sedentários. Agricultores, realizaram obras de irrigação e canalização dos rios. Construíram as primeiras cidades fortificadas que funcionaram como cidades-estados. Utilizavam técnicas de metalurgia e a escrita.
d) Eram, sobretudo, comerciantes e artesãos. Sem nenhuma aquisição cultural significativa. Fundaram um império unitário com um regime político único. Descendentes dos semitas, foram os primeiros a buscar uma religião monoteísta.
Resposta: alternativa c). Os sumérios se sedentarizaram após dominar o cultivo de alguns cereais. Para otimizar a agricultura, construíram obras de irrigação e de canalização dos rios. Fundaram as primeiras cidades fortificadas para proteger os excedentes que produziam. Sabiam trabalhar o bronze e inventaram a escrita cuneiforme, feita com cunhas em tábuas de argila.
(UFRGS-RS) A planície do Eufrates e do Tigre não constitui, como o vale do Nilo, um longo oásis no meio do deserto. Ela tem fácil comunicação com outras terras povoadas desde tempos remotos. Por isso, a história da civilização mesopotâmica está marcada por uma série de invasões violentas e de migrações pacíficas que deram lugar a um contínuo entrecruzamento de povos e culturas. Entre esses povos, destacam-se
a) egípcios, caldeus e babilônios.
b) fenícios, assírios e hebreus.
c) hititas, sumérios e fenícios.
d) sumérios, babilônios e assírios.
e) hebreus, egípcios e assírios.
Resposta: alternativa d). A alternativa a) e a e) são falsas, pois os egípcios não habitaram a Mesopotâmia; a b) e a c) são falsas, pois os fenícios não habitaram a Mesopotâmia.
(PUC-PR) O Império Babilônico dominou diferentes povos, como os sumérios, os acádios e os assírios. Para governar povos tão diferentes, o rei Hamurábi organizou o primeiro código de leis escritas, o Código de Hamurábi.
- Se um homem acusou outro de assassinato mas não puder comprovar, então o acusador será morto.
- Se um homem ajudou a apagar o incêndio da casa de outro e aproveitou para pegar um objeto do dono da casa, este homem será lançado ao fogo.
- Se um homem cegou o olho de outro homem, o seu próprio será cegado. Mas se foi olho de um escravo, pagará metade do valor desse escravo.
- Se um escravo bateu na face de um homem livre, cortarão a sua orelha.
- Se um médico tratou com faca de metal a ferida grave de um homem e lhe causou a morte ou lhe inutilizou o olho, as suas mãos serão cortadas. Se a vítima for um escravo, o médico dará um escravo por escravo.
- Se uma mulher tomou aversão a seu marido e não quiser mais dormir com ele, seu caso será examinado em seu distrito. Se ela se guarda e não tem falta e o seu marido sai com outras mulheres e despreza sua esposa, ela tomará seu dote de volta e irá para a casa do seu pai.
Assinale a alternativa correta:
a) As leis aplicavam se somente aos homens livres e que possuíssem propriedades.
b) Estabeleceu o princípio que todos eram iguais perante a lei e por isso um escravo teria os mesmos direitos que um homem livre.
c) O Código de Hamurábi representava os ideais democráticos do Império Babilônico.
d) O código tinha como princípio a “pena de talião” resumida na expressão “olho por olho, dente por dente”.
e) O Código considerava a mulher propriedade do homem e sem direitos.
Resposta: alternativa d). O Código de Hamurabi contém leis que garantiam direitos a pessoas de todas as classes sociais existentes, mas os tratamentos dispensados eram diferentes em função da classe. Com isso, descartam-se todas as alternativas, com exceção da alternativa correta d).